sexta-feira, março 28, 2008

Afinal o que são 9 horas nas urgências do hospital?

8h19 entrei no hospital.
10 minutos para a Tiragem. Bola laranja..."Ah, vai ser rápido", pensei.
10 minutos ouço o meu nome no altifalante, gabinete 12. Mihail, médico ucraniano, de certeza. Muito simpático e achei-o muito competente.
"Vai fazer análises e vai à consulta de cirurgia", diz com ar sereno, depois de me ter carregado na barriga que eu até ia saltando da marquesa. Doía mesmo.
Análises rápidas...

começo a ficar com fome... são 9h15.
Gabinete 20, 21, 22 e 24, todos chamam alguém, excepto o 23, que era o da cirurgia.
Perguntei a umas 5 pessoas, entre médicos, auxiliares, voluntários que iam passando. A sala já estava cheia de pessoas para a consulta de cirurgia.

Passadas 2horas e 15 minutos lá me chamam. A médica carrega na barriga sei lá quantas vezes e diz que pode ser apêndice, mas "vai estar a soro, para encher a bexiga, e vai fazer uma ecografia".

A fome aperta ainda mais, comi 4 bolachas às 11horas... "a partir de agora não pode comer nada" diz a médica.

1h30 a soro... finalmente acaba a porcaria do líquido que corria a conta-gotas...
Peço para tirarem aquilo e pergunto a mais três pessoas onde são as ecografias. A 3ª, uma auxiliar, diz-me que vai mesmo para lá, para segui-la. "Mas onde está a requisição?", pergunta.
"Qual requisição? A médica não me deu nada". Vai num instante ao tal gabinete 23 e traz de lá a bendita requisição.

Seguimos por um corredor enorme, nunca mais acabava (principalmente pelas dores que tinha quando estava em pé). Lá chegamos... "Agora espera aqui que a Drª já chama" e segue com a cama onde transportava uma senhora idosa para uma TAC.
Esperei, esperei, esperei, e desesperei. 35 minutos... são já 15h15 e finalmente me chamam.

Médica angolana, desta vez (deve ser o hospital do país com mais nacionalidades presentes, não só médicos como pacientes - Ah, a enfermeira da triagem era espanhola).
"Esta bexiga não está nada de jeito, bebeu pouca água"
"Só me deram soro, não me disseram para fazer mais nada".

Venho-me embora de novo para as urgências. O gabinete 23 estava de porta aberta, com umas 10 pessoas à porta, tudo escancarado e vazio. Como não havia sítio para sentar, sentei-me numa cadeira lá dentro. Não quis saber...eram já 8 horas só com 4 bolachas no estômago.

Telefono ao Ricky e desato a chorar, o desespero já era demasiado, tinha chegado ao limite.

Aparecem os tão esperados médicos cirurgiões...

"O relatório da sua Eco ainda não está cá", diz um dos médicos.

Ok, mais 15 minutos na sala de espera... resolvo ir outra vez ao sítio onde fiz a eco, perguntei à médica pelo relatório "Já mandei, assim que fiz a eco".

"Ok, Marta não te vais passar, já aguentaste até aqui".

Vou de novo ao gabinete 23 das urgências, pergunto se pelo menos já posso comer, a fraqueza começa a chegar (e só aguentei tanto tempo por causa do soro). "Não, não pode, então nós precisamos de saber se tem de ser operada."

Mais umas páginas do "Crianças para sempre" do Eduardo Sá (leiam, é excelente) e finalmente ouço o meu nome. Chamam-me 3 vezes sem me darem sequer tempo de lá chegar e eu grito no corredor "Ah agora estão com pressa, já vou." Os outros doentes deviam pensar que eu era maluca, mas àquela hora (17h05) já nada me interessava, só saber o que tinha e ir-me embora.

"A eco não mostra bem o apêndice, não me parece que seja. Os níveis de infecção estão um pouco elevados, mas é uma pequena inflamação. Vá para casa, toma ben-u-ron de 8 em 8horas. Mora sozinha? Tem alguém que a traga cá se precisar?"
"Sim, sou casada"
"Então, se tiver mais dores venha cá novamente, esta equipa está cá todo o dia amanhã"

Xau... não vos quero ver mais, não disse, só pensei.

Como não passou, hoje de manhã fomos ao Vigilante, uma IPSS de socorros médicos na Amadora. Muito mais rápido (estive lá apenas 30 minutos) e fiquei muito mais esclarecida. Ou uma inflamação subclínica do apêndice ou um quisto ovárico. Maxilase e brufen para tomar e esperar que passe.

terça-feira, março 25, 2008

Estávamos a ver o DVD do Diante do Trono para as crianças sobre a Arca de Noé e a Matilde com uma cara suplicante pede: "Oh Mata, eu tero ir pali pa dento" a aponta para a TV. "Eu tero ir para o arto do iris".

"Oh amor, não pode ser, não podemos ir para dentro da televisão"

As cores são tão chamativas, é tudo tão giro, não me admiro que ela queira ir escorregar no Arco Íris com os bonecos e a Ana Valadão.

Queria muito pô-la lá e até ir com ela...mas isso não é mesmo possível.

Conversa com uma menina cigana no Bairro Zambujal

Enquanto lhe desenhava uma borboleta na cara perguntei: "Então, e o que queres quando fores grande?".

Com os seus olhos muito escuros respondeu: "Vou ser vendedora como a minha mãe".

"Não achas que é uma profissão difícil, levantar cedo para ir para a feira? Não queres estudar?"

"Eu não vou à escola, a nossa cultura não deixa..."

Fiquei estupefacta, como se já não soubesse, mas custa sempre ouvir que é negado um direito que devia vir escrito no código genético: o direito à educação.

segunda-feira, março 24, 2008

cá estamos de volta à cidade... p'ra ser sincera não tinha saudades (só da nossa casa)... mas a vida é mesmo assim.

sábado, março 22, 2008

A minha preocupação com os outros por vezes faz com que aqueles que não se preocupam tanto com os outros, digam que eu sou chata. Por vezes gostava de ser diferente, mas não consigo que o meu olhar não penda para as necessidades dos outros.

Às vezes farto-me de ser assim...

sexta-feira, março 21, 2008

O sol (ja de Primavera) a bater na cara sabe tão bem...

quinta-feira, março 20, 2008

@ Juncal

Hoje sim, é o dia que idealizamos de férias aqui no Juncas (expressão vulgarmente usada pelos meus irmãos). Um dia cheio de sol, quente, ideal para ir de bicicleta até Pataias (o Ricky, eu não... se eu tentasse ir, ainda me saltava um pulmão como diz o André).

Hoje vou navegar menos na net, porque o Jardim chama para ler lá fora!

quarta-feira, março 19, 2008

Nós de férias e hoje passou o dia todo a chover...

A lareira, o sofá e o portátil fizeram maravilhas na nossa tarde. Se é para descansar, é mesmo para descansar.
"Se foste criança diz-me a cor do teu país
eu te digo que o meu era da cor do bibe
e tinha o tamanho de um pau de giz." (Ruy Belo)

terça-feira, março 18, 2008

Chegámos ontem ao Juncal para uns dias de férias.

Uma paragem nas Caldas da Raínha para almoçar com a Tia Zita (mãe do Cláudio, para quem conhece). Passámos a tarde com ela e lá viemos até à vila do Juncal.

A calma do campo agrada-me sempre.

Hoje andámos muito a pé, demos a volta à vila. Fui cortar o cabelo (recorde: 7 € por lavar, cortar e pentear).

Andei a arrumar umas gavetas no nosso quarto (incrível, a quantidade de roupa que juntamos aqui - daquela que não vestimos em Lisboa, mas para andar aqui serve muito bem).

Ao mesmo tempo que é bom estarmos longe da cidade, longe da confusão, e retirarmo-nos para um recanto sossegado, também é bom sabermos que temos algumas pessoas conhecidas na vila. Família e não só...no caso de ser preciso alguma coisa, entendem? A sensação de estarmos quase em família neste sítio que acaba por não nos ser totalmente familiar.

77 Outonos

A Avó Tina fez no passado Domingo 77 anos. Digo Outonos porque a vida dela não tem sido propriamente primaveras... passou por muitos dias cinzentos e acastanhados...

Organizámos um almoço surpresa em Setúbal, ela emocionou-se bastante. Foi uma tarde agradável. Agradeço muito a Deus pela vida dela. O Carlos, o Ricky, e outros primos são o que são hoje muito pelas orações dela durante muitos anos. Uma mulher de oração. Um exemplo a seguir!

segunda-feira, março 17, 2008

Sábado com amigos

Soube tão bem estarmos com amigos no Sábado...

Um dia nublado, ventoso, mas que me aqueceu o coração. Celebrámos mais um ano do Rúben. Uma festa simples, ao ar livre, com amigos chegados, as crianças super animadas e claro, a nossa amiga zebra!

É bom estar com quem gostamos

segunda-feira, março 10, 2008

Apesar de considerados um perigo para a saúde pública, os pombos ainda são os únicos que nos dão a sensação de existir natureza nesta selva urbana de cimento...

Sempre que pousam ali no prédio em frente, penso em não falar com a autoridade de saúde aqui de Belas, mas quando vejo a porcaria que fazem nos parapeitos das janelas e nas doenças que podem transmitir (segundo os entendidos), resolvo fazê-lo.

Claro que as senhoras que os alimentam nem sonham no mal que estão a fazer, mas pronto...a ignorância (nuns casos e a teimosia noutros) faz destas coisas.
Um simples mail só para 50 motards, ganhou uma dimensão que nunca imaginei.
Enviei um mail a pedir coisas de casa para uma motard que acabou o programa do Desafio Jovem há pouco tempo e que agora precisa do essencial para a casa alugada em que está.
Incrível, as respostas vêm de todos os lados, todos querem ajudar...amigos de amigos, conhecidos...

Vamos tentar fazer-lhe uma surpresa na próxima igreja motard, já no final de Março.
Espero que caiba tudo lá em casa.

quinta-feira, março 06, 2008

Hoje passei o dia na ABLA. Fartei-me de trabalhar (voluntariado).
Foi bom voltar... só vim embora há uma semana mas já sentia saudades.

quarta-feira, março 05, 2008

a senhora e o agrafador

Enquanto estávamos à espera que chamassem o Ricky para a consulta, eu ia apreciando uma senhora que estava num gabinete de análises, na Clínica de sto. António. Esteve mais de meia hora a tentar desencravar o agrafador. O Ricky só dizia "quem não tem mais nada para fazer, entretém-se com o agrafador". Pois é, ela batia com ele na mesa, espetava a tesoura para tentar tirar o agrafe (suponho que fosse um agrafe). Por fim falava sozinha, ou melhor com o agrafador.

Pensei, se fosse na ABLA não perderia de certeza o tempo que não tinha a tentar arranjar, dava-o ao meu colega que apaga os "fogos" deste tipo e ele conseguia arranjá-lo num instante. Mas nem todos têm o privilégio de ter colegas assim (ou de trabalhar na ABLA).

3 anos

de casamento. Passa tão depressa.

Foi um dia calmo, fomos dar sangue (ATENÇÃO a todos os doadores - ou potenciais - vão dar sangue porque o Instituto Português de Sangue está a precisar muito). A minha Hemoglobina estava baixa e não pude dar (aconteceu pela 1ª vez). Ainda por cima estavam todos a falar do meu sangue, por ter qualquer coisa rara. Até disseram "Alguém vai ter sorte". Pois é, não pude dar. Deu o meu marido por mim.

Ele teve também consulta de otorrino, lá vai ter de ir à faca. A cana do nariz dele parece a A8, torta, torta.

Alguns familiares e amigos mandaram msgs e telefonaram.

Obrigada a todos pela vossa amizade (e isto inclui mesmo todos os que nos têm acompanhado ao longo da vida - uns há mais tempos que outros).
Agradeço a Deus por cada pessoa que tem colocado no nosso caminho.

terça-feira, março 04, 2008

A Matilde está simplesmente fascinante. Fala tanto, já se explica tão bem. Que linda. O Carlos ia dar-lhe banho e ela disse "Não és tu. É a Marta". Tivemos as duas numa amena cavaqueira enquanto lhe dava banho. Há coisas que não consigo traduzir para português correcto, mas é tão engraçada. Já no Sábado insistiu no mesmo. Parece que está a ganhar mais afeição a mim... há uns tempos só queria o Ricky.

Bem, estava à espera do Ricky na estação de Queluz e assisti uma cena lamentável. Um pai ia com os dois filhos pequenos, e eles esconderam-se por trás de umas coisas à espera do pai. O homem não está de modas, quando chega lá dá um chapadão no miúdo que ele até caiu para o chão. Não sou daquelas que dizem que bater nas crianças, traumatiza-as, mas tb não é para espancá-las. A criança só queria pregar um susto ao pai, mais nada. Provavelmente depois de um dia de trabalho cansativo, o sr. não devia estar com muita paciência para jogar às escondidas, mas enfim.

segunda-feira, março 03, 2008

A reportagem que acabou de dar agora na TVI deu-me ainda mais força para fazer o que planeio fazer nos próximos dois anos. Como é possível um adulto abusa de uma criança, demorar imenso tempo a ser preso, e quando sai da prisão ser reinserido profissionalmente numa parque infantil? Incrível. O Estado não protege as crianças como deve ser, as instituições esforçam-se por fazê-lo mas também escorregam (como o tão grande escândalo que até há bem pouco tempo ouvimos).

Revolta-me tanto, entristece-me tanto....
Quero trabalhar para mudar isto. Sei que sozinha não consigo fazer nada, mas Deus sabe o desejo do meu coração e quero que Ele me use.

1º dia de uma nova etapa

Foi estranho mas bom. Logo pela manhã fui ao Complexo Desportivo do Monte Abraão, começar a Natação. Soube-me tão bem...adoro nadar e já não o fazia com regularidade desde 2003 (ano em que comecei a trabalhar).

Fui à FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) entregar o contrato da bolsa (em vigor desde Sábado passado). O meu pai acompanhou-me (sempre disse que um dia havia de ser meu motorista...lol). Fomos almoçar a um dos quartéis onde o meu pai trabalhou (o IH - Instituto Hidrográfico). Foi bom recordar aqueles tempos em que ia lá passar o dia, via aquela azáfama toda da Direcção de Transportes que o meu pai na altura chefiava. Lembrei-me das brincadeiras que sempre faziam aos comandantes (como pôr pedras nas malas enquanto iam buscar as chaves do carro que iam levar). Lembrei-me do dia em que o meu irmão André começou a andar sozinho de bicicleta (sem rodinhas). Lembrei-me do colega do meu pai que nos dava sempre gelados (os rajás, como ele chamava) naqueles dias quentes de Julho em que já estávamos de férias.

Impressionante a quantidade de pessoas que falaram ao meu pai. Um recordava especialmente agradecido, por aquela vez em que o meu pai o "desenrascou". Uma pessoa simples, que embora trabalhe numa unidade militar, é civil e se lembrava daquele dia em que precisava de um carro para ir ajudar a mulher que tinha ido parar ao hospital...uma história que não percebi bem, mas que o marcou profundamente. "Este é um homem bom", dizia ele do meu pai. Realmente, sempre o conheci assim, disposto a ajudar todos quanto pudesse.
Ainda hoje é assim. Já na reserva e parece que ainda está mais ocupado do que quando estava no activo. Um dia vai conduzir o autocarro da junta de freguesia para levar os idosos da Sta Casa a passear, ou as crianças até à praia. Outro dia passa por outro quartel qualquer onde esteve para ir buscar roupa dada para levar à ABLA.

Enfim, orgulho-me muito do meu pai, e deixo-lhe aqui esta homenagem (embora ele não leia isto, porque não anda nestas coisas da net...navegar só nos navios da Marinha, e já lá vão uns aninhos).

Ah, também fomos ao Hospital Militar (levar uns calendários e umas canetas que uma senhora lhe tinha pedido ha um tempo...Sara, vês de onde vem esta minha veia??!). O Hospital onde nasci. Gostava de ter tirado uma foto, mas a máquina estava em casa.

sábado, março 01, 2008

Uma outra colega fez-me um postal com cópias de um livro de Max Lucado e leu-me este trecho, adaptando a palavra igreja a ABLA ou instituição:
"Toda a igreja precisa de uma Marta. Vamos mudar. Toda igreja precisa de uma centena de Martas. Mangas arregaçadas, prontas regem os passos da igreja. Por causa das Martas, as finanças da igreja se mantêm equilibradas, os bebés da igreja vão sendo construídos. Tu não aprecias a Marta até que falte uma, aí todas as Marias e os Lázaros ficam vasculhando por aí, procurando chaves, interruptores, retroprojector. Na igreja as Martas são os coelhinhos das pilhas Energizer. Elas vão indo, indo, indo. Elas guardam força como os camelos guardam água. Uma vez que não procuram a fama, não vivem do aplauso. Issão não quer dizer que não precisam disso. SIgnifica, simplesmente, que não são viciadas em aplausos. As Martas têm uma missão. Aiás, se Marta tem uma fraqueza, é a tendência de elevar a missão acima do Mestre." (Max Lucado)

E tantas vezes me sinto assim...
Último dia de trabalho, um misto de emoções, tristeza e nostalgia, alegria e expectativa. Uma festa de despedida inesperada, uma prenda que era mesmo o que eu queria. O carinho, os conselhos e as palavras queridas dos colegas...mais que isso, AMIGOS! Um postal com mensagens de TODOS (50) os colegas, todas me marcaram muito, mas estas:

"Martocas,
Obrigada pela maneira linda como te entregaste em cada dia, a cada um de nós, aos outros, a esta casa e a Deus. Continua assim com todos aqueles que em cada dia, no futuro, se cruzem contigo!!! Sê uma benção! (porque tu és uma bênção...)!" (S)

"Foi uma honra para mim ter alguém como tu a trabalhar comigo, num ministério tão esquecido como o que tu demonstraste nestes anos na ABLA: o da disponibilidade." (V)