quarta-feira, maio 27, 2009

outro blog

Como se já não bastasse um blog desactualizado, e sem regularidade na escrita, inventei outro que vai pelo mesmo caminho (que vergonha, desde Novembro que não escrevo).

http://www.direito-a-ser-crianca.blogspot.com/
eu sei, eu sei, tenho andado desaparecida, mas este blog não é daqueles das minhas amigas disciplinadas e suficientemente organizadas e motivadas para escreverem diariamente.
Muita coisa para fazer (sim, agora vocês dizem: "ah e ainda não tem filhos, o que diremos nós?!"
Desde uma possível proposta de emprego, afinal adiada, passando pelas visitas à amiga S. que está quase quase a ter a " nossa sobrinha" Raquel, à conversa com o pastor para anunciar a nossa saída da igreja, até ao lançamento de mais algumas notas da pós-graduação bastante animadoras ... Deus é mesmo bom, disso não tenho dúvidas, mas esta semana os acontecimentos relembraram-me disso de uma forma diferente, de várias maneiras em diferentes situações.

sexta-feira, maio 15, 2009

Lugar de reencontros


Não sei se é só cá, mas em Portugal os cemitérios são lugares de reencontros. Só nos funerais é que as pessoas se reencontram (e cada vez menos em casamentos já que esses estão a diminuir).

Ontem foi um dia de reencontros... nós (eu e o Ricky) não conhecíamos muita da família que foi ao funeral, mas para os mais velhos foi dia de reencontrar familiares e amigos há já algum tempo "desaparecidos"
Ontem passámos o dia na casa da mortuária do hospital de Sto André - Leiria... depois de ter escrito em papel o post que iria colocar quando pegasse novamente no computador senti-me melhor. Para mim escrever é como falar para algumas pessoas, é uma maneira de desabafar.

Hoje, a única coisa que me apetece pôr aqui é a frase das poucas pessoas com quem não me irritei por falar em bebé, o meu sogro. Depois do Ricky lhe ter dado a notícia da morte do pai, disse: "Vejam lá se fazem uma Carreirita porque os Carreiras estão a desaparecer", a minha reacção foi rir.

quarta-feira, maio 13, 2009

Quando estávamos a meio do almoço no Domingo de Páscoa, eram já 15h20, o Ricky ficou na dúvida se iríamos ver o avô ao lar, a 40 Km... a visita acabava cedo e tínhamos ainda de fazer a viagem até Leiria. Insisti, fomos... ele ficou tão contente por nos ver.
Foi a última vez que o vimos.
Tinha 92 anos e morreu ontem.

Apesar de só o conhecer há 8 anos, ele gostava muito de mim (até me quis oferecer o carro dele, ainda "só" namorava com o neto dele). Gostava muito de contar as histórias dos tempos de África, das construções que fez, dos homens que tinha a seu cargo, da vinda para Portugal, da família... da última vez que o visitámos ainda em casa (Dezembro 2008), disse-me as datas de nascimento e de morte e todos os nomes dos irmãos e tios... uma memória impressionante. Nunca usava óculos para ler, mas já ouvia mal.

Esteve no lar muito pouco tempo, perguntava várias vezes o que ainda estava cá a fazer...

A maior parte das coisas na vida que pensamos em fazer e não fazemos, mais tarde arrependemo-nos. Ainda que fomos visitá-lo.

segunda-feira, maio 11, 2009

Bela Vista

Este país ainda não percebeu que por mais bonitos que sejam os nomes dados aos bairros sociais, não deixam de ser fortemente estigmatizados e, pior que isso, têm realmente muitos problemas sociais dentro daquelas quatro paredes das casas que lhes foram "dadas", só para os tirar das barracas. Afinal, continuam a construir-se guetos onde à mais pequena faísca, explodem problemas sociais até aí camuflados.
Há pouco tempo vimos a Quinta da Fonte em Loures, agora vemos a Bela Vista em Setúbal. Os jovens quiseram homenagear o amigo morto a tiro pela polícia e para isso juntaram-se à porta da esquadra e fizeram uns burn outs com as motas. Que eu saiba isso é proibido (os burn outs), já começam mal a homenagem. "Somos muito injustiçados, a polícia persegue-nos sem fazermos nada". Acho-lhes uma piada... afinal o amigo "só" estava a participar num assalto, porque raio a polícia havia de o perseguir? Levou um tiro na nuca e pode ser que assim sirva de alerta. Pareço demasiado cruel a falar assim, mas não me venham dizer que a polícia foi injusta.
Ao mesmo tempo fala-se de criar um código penal para menores de 16 anos. Por um lado acho bem, mas antes disso devia-se pensar em responsabilizar os pais. Estudos provam que jovens delinquentes provêm, na sua grande maioria, de famílias completamente disfuncionais, em que houve divórcio, violência, abandono, perdas sucessivas... Afinal de quem é a culpa de muitos jovens se meterem nessa vida? Uns dizem que é do sistema que não lhes dá alternativas, emprego, ocupação, eu digo que em parte é dos pais que nunca lhes ligaram nenhuma, educação foi coisa que não passou por aquelas casas. Claro que há excepções, mas grande parte das situações passa mesmo por isto.
Ah os imigrantes de 2ª geração não têm valores, não respeitam ninguém.
O meu marido e alguns amigos meus podem incluir-se neste grupo de filhos de imigrantes (retornados das ex-colónias) e não se tornaram delinquentes. Porquê? Em casa, e não só, foram-lhes transmitidos valores e tiveram um acompanhamento familiar adequado. Não, não foi perfeito porque não há pais nem famílias perfeitas, mas foi-lhes dada educação para chegarem ao que são hoje.
E que tal começar a tentar perceber-se que pais são aqueles dos gangs da Bela Vista e de outros bairros problemáticos do país?

País iletrado

Faz-me pena quando entrevistam alguns portugueses mais idosos e eles nem sequer percebem a pergunta (por simples que seja) que lhes é feita. Hoje no Nós por Cá falou-se da nova lei de registo dos poços, furos, fossas, açudes, noras, etc. Muitos idosos têm poços e estas coisas nos terrenos antigos, que nunca foram registados, até porque "ninguém nos disse nada". É importante registá-los para se poder perceber afinal que recursos hídricos existem em Portugal, mas exigir que pessoas que nem sabem ler preencham papelada à boa maneira portuguesa... é ridículo. Até nós que temos alguma instrução iríamos ter dificuldade em saber as coordenadas de localização do poço, de apresentar um projecto de localização à escala 1/25, entre outras coisas. Deviam colocar no terreno pessoas que ajudassem estas populações. Se a própria administração da zona centro não sabia dar as informações do que era necessário para proceder ao registo, como é que estas pessoas vão fazer. Não há uma palavra mais forte que ridículo??!!

Efeitos

Gosto, gosto mesmo quando as minhas sugestões/ reclamações produzem efeito (de preferência no sentido da solução do problema).
A nossa rua (da parte de cima do prédio) não tem saída, pelo que os camiões que recolhem o lixo não vão até ao final por não conseguirem dar a volta. Assim, só existem caixotes até perto da nossa porta, mais para cima já não. Ultimamente (já há algum tempo) existiam 3 caixotes neste local, mas um deles não tinha sítio próprio, pelo que ficava sempre na berma da estrada, pronto a descer a rua se houvesse um ventinho, como aliás aconteceu num dia de tempestade aqui há uns meses. Desceu a rua e só parou quando embateu num carro. Pois é, e quem paga? O dono, claro.
Finalmente enviei um mail à HPEM (empresa municipal que trata da recolha) e apresentei a situação, na passada 4ª feira. No Sábado já só havia 2 caixotes do lixo. Resolvido, pensei eu. Hoje reparo que o 3º caixote foi colocado um pouco mais acima, num local que parece que já era próprio para o efeito, mas que só era ocupado por carros.
Será que é preciso um cidadão fazer uma reclamação, para afinal fazerem o que aparentemente já estava planeado, mas que os funcionários nunca tinham executado. Enfim...

domingo, maio 10, 2009

Ganhei um passatempo

Apesar de não ter filhos, concorri a este passatempo e ganhei um livro do Brazelton sobre a Agressividade na criança, muito adequado à minha pesquisa. Eles lá acharam piada a uma história antiga do meu irmão mais novo quando tinha cerca de 4 anitos.

Sempre que ganhamos alguma coisa, ficamos contentes, não?

http://livros-gravidez.blogspot.com/

segunda-feira, maio 04, 2009

Não compro mais bolachas Belgas

As únicas bolachas de marca que comprava eram as Belgas, mas acabou-se. Já não é a 1ª vez que encontramos um pacote de belgas tradicionais só com 3 bolachas... da 1ª vez passa, da 2ª pensamos que devemos ter visto mal, da 3ª chega. Hoje no supermercado peguei num pacote e vi se havia um número verde...e havia mesmo. Liguei para a Triunfo e perguntei se agora os pacotes das belgas tradicionais só traziam 3 cada um.
"Não temos informação nenhuma de que tenha sido alterado o número de bolachas por pacote".
Expliquei o que se tinha passado, ao que o senhor me responde:
"Talvez as bolachas tenham mais peso, por isso só vêm 3. Deve ter sido a máquina".
As máquinas são sempre os bodes expiatórios (é sempre um erro informático, é sempre a máquina).
"Pronto, mas vou deixar de comprar Belgas".
"Mas tem a embalagem com o código de barras?"
"Não, porque tiro os pacotes todos lá de dentro e é menos uma coisa que tenho cá em casa. Já está no ecoponto há algum tempo".
"Ah, se tivesse podíamos enviar o código de barras para a fábrica e dávamos-lhe uns vales de desconto".

Ok, ainda bem que avisam... dá-me vontade de ir comprar um pacote só para lhes enviar o código de barras.

Sabem sempre como nos hão-de tirar alguma coisa. Comigo estão feitos!

domingo, maio 03, 2009

Campanha espanhola contra a violência Doméstica







Estes e outros cartazes fazem parte da campanha que o Governo de nuestros hermanos tem feito contra a Violência Doméstica. Portugal podia, e devia, fazer algo parecido, bem falta faz por cá!








O científico também pode ser emotivo


O painel que mais me comoveu (sim, nos congressos também nos emocionamos), foi: “Proteger a los mas vulnerables: los niños ablam”, 6ª feira às 12 horas. Uma professora com experiência de 33 anos, que ensina crianças hospitalizadas. Afinal a educação é um direito de todas as crianças, inclusivamente das que por alguma infelicidade estão internadas. Uma frase marcante: “a primeira vez que um menino “meu” morreu, o mundo parou para mim”.
Depois, uma educadora social, mãe de uma menina que mal nasceu, o médico disse-lhe que tinha uma doença congénita, degenerativa, pelo que viveria apenas 2 anos. Um testemunho que pôs toda a audiência a chorar (não fossemos a maioria mulheres) … impressionante. Uma força quase inexplicável! Depois de chorar muito, de passar 24 horas no hospital, percebeu, com a ajuda da tal professora e de uma vasta equipa de profissionais que por mais que chorasse a filha não ficaria melhor, por isso decidiu aproveitar todos os momentos. Incrível. Enquanto o pai e os avós ficavam com a outra filha, uns anos mais velha, a ser educada por telefone pela mãe, esta mulher vivia um dia de cada vez, vendo a morte de muitas crianças que estavam também hospitalizadas, mas sobretudo proporcionando à filha as mais variadas experiências de vida próprias da vida de uma criança. Enfim… poderia escrever muito mais, mas não quero pôr-vos a chorar, até porque esta mulher conseguiu dar a volta à situação de uma maneira extraordinária. Fez-nos ver que alguns dos nossos problemas não o são na realidade, são coisas que correm menos bem, e com as quais não contávamos, mas o que é pior do que ter um filho com uma doença deste tipo, sabendo que a qualquer momento pode morrer? Ela preparou o funeral ao pormenor, fazendo ver a todos que a morte de alguém que amamos não é o fim da vida e que apesar de ficar a saudade temos de continuar. Hoje ela trabalha com mães que passam pelo mesmo que ela passou. “Fomos mais felizes em 5 anos de vida da minha filha, do que muitas famílias são em toda uma vida”.
Uma grande lição de vida! Uma bofetada de luva branca!
Ainda uma técnica que trabalha numa casa de família, aquilo que em Portugal é um Centro de Acolhimento Temporário. Casas com 8 crianças no máximo, provenientes de agregados familiares desprotectores. Um menino de 8 anos a vomitar muito e que de repente expele uma cápsula de droga. Uma menina que aos 15 anos já tinha feito 5 abortos (servia frescos em casa enquanto convivia com autênticas orgias sexuais). Um menino de 7 anos que não falava porque depois da mãe (doente mental) o ter tido foi internada numa hospital psiquiátrico, e ele foi deixado numa oficina, sem contacto com ninguém, só iam lá alimentá-lo e dar-lhe coisas de madeira para fazer artefactos. Só sabia dizer: machado e filho da…
Infelizmente são “apenas” três casos dos muitos existentes por este mundo fora. Em Portugal temos 11000 crianças em instituições, retirados às famílias por estas e outras razões tão ou mais atrozes.
Uma coisa trouxe deste congresso: nem que salvemos uma ou duas crianças, vale a pena continuar a investigar, trabalhar e apoiar estas crianças e adolescentes que se vêem involuntariamente envolvidos em situações que nem um animal (irracional) deveria sofrer.
Pode ser só uma, mas para ela o mundo muda se conseguirmos proporcionar-lhe uma infância feliz e completa.

Livros e mais livros...

Como lhe diz o marido de uma colega da CPCJ “andas sempre livros dos desgraçadinhos”. Deram-me um livro nos anos (a meu pedido) que trouxe comigo para o congresso (antecipando as longas horas em aeroportos e viagens) “Abandonada”. Não pensei que fosse tão forte. Depois de um congresso destes, ler isto é dose. Houve alturas em que ficava quase que agoniada com as descrições. Se se impressionam facilmente (pelas letras) não o leiam. Ao mesmo tempo fico contente por a mesma pessoa que me ofereceu este livro, me ter oferecido outro há uma semana e de eu já tê-lo emprestado a alguém que mo pediu para que os filhos nunca passem pelo que este livro conta. R. ainda bem que tens aprendido com ele. Espero tb poder vir a fazê-lo.

De regresso e com algumas coisas para contar

Isto de não ter internet quando se quer é mau... ou melhor, estou mal habituada. Assim fiquei estes dias sem dar notícias. Fui escrevendo para quando cá chegasse contar algumas coisas.

Foram uns dias interessantes! Vários factos curiosos:

- no aeroporto de Madrid (na ida) encontrei um bilhete para Bruxelas no chão.
-na sessão inaugural do congresso perguntaram-me se eu era dos media (estavam a distribuir um press release aos jornalistas que lá estavam).
- na rua uma carrinha de uma associação para crianças com paralisia cerebral parou para me pedir indicações. Ao mesmo tempo que eu dizia que não era de cá, a rapariga perguntou-me onde era o hotel Obradoiro. Ah, isso eu sabia, é o hotel onde estou (vinham para o congresso).
- Na Nazaré ouvimos constantemente a pergunta “quer quartos?”. Aqui em Santiago, oferecem-nos bocadinhos da tarte típica de cá para ver se provamos (e compramos, claro!).
- Durante as tardes, mesmo no feriado e no fim-de-semana, às 15h, via-se pouca gente nas principais ruas da parte histórica da cidade… será por ser a hora da siesta?
- O avião de Santiago para Madrid teve um furo (literalmente). O voo teve um atraso de 1h30 porque tiveram de mudar uma das rodas mais pequenas do trem de aterragem. Agora percebo por que razão o meu voo de Madrid para Lisboa foi alterado há 1 mês atrás das 20h30 para as 22h50. É que com a brincadeira do furo teria perdido o voo para Lisboa o que me obrigaria a ter de encontrar (ou a Ibéria por mim) para o regresso a Lisboa. Na altura não gostei da mudança porque implicava chegar mais tarde a casa, mas pronto como diz o povo: “Deus escreve direito por linhas tortas” ou a Bíblia há muito mais tempo: “Deus tem os seus desígnios” (não é exactamente assim, mas é este o sentido).
- no aeroporto de Madrid (de novo) no regresso encontrei uma menina perdida. Assim que saí do avião calculei que estivesse perdida mas estava tão entretida a brincar nas passadeiras rolantes que pensei que os pais a estivessem a vigiar ao longe. Sentei-me à espera do voo para Lisboa (daí a 2 horas e tal) e lá apareceu ela de novo a correr de um lado para o outro, mas agora literalmente perdida. Entretanto ouço alguém gritar um nome que não conseguia perceber… era a mãe. Chegou ao pé dela e deu-lhe duas valentes palmadas e ralhou em francês. Obviamente o choro foi mais que muito e o raspanete (que eu só percebi que o era pela severidade da voz) nunca mais acabava. O tempo todo que eu vi a miúda, que me sentei, que me tentei ligar à net umas 5 vezes, deu mais que tempo para a mãe a ter encontrado, não fosse ela a tê-la deixado sem vigilância. Não sou mãe, mas acho que há muitos pais que tb precisam de levar umas palmadas (ainda por cima agora bater no filhos é proibido).
- O que vale é que o aeroporto de Madrid (pelo menos na zona onde eu estava), tinha muito pouca gente, porque com os espirros seguidos que dei, a zona iria ficar rapidamente ainda mais vazia não fossem pensar que era a gripe A, ou suína, ou lá o que é (ainda vi 2 pessoas de mascara).