quarta-feira, dezembro 16, 2009

Não querendo imitar a A. R.

mas como há amigos que não têm acesso ao blog da A.R., achei extraordinário o texto escrito neste blog. É verdade, nós vestíamos a roupa dada dos primos (as) mais velhas e assim continuava pelos meus irmãos mais novos. Conto pelos dedos das mãos as vezes que comemos fora. Nas férias íamos para casas emprestadas de familiares ou amigos em Aljezur e Lagos nalguns anos, e para casa das tias que moravam no campo. E como éramos felizes naquele verde... Andei de avião pela 1ª vez aos 15 anos quando fui a Israel com o meu pai, viagem para a qual andámos a vender na feira da ladra quinquilharias antigas (não velhas) e noutras poupanças ao longo de 1 ano. Na escola não tinha mochilas "Monte Campo", mas uma da "Dunas" que a minha mãe encontrou muito mais barata e que eu gostei. No 1º dia de aulas toda a turma (que já era a minha há 2 anos) tinha a mochila da moda, excepto eu e talvez outros que davam menos nas vistas tb. Um colega pergunta-me com ar de desdém porque é que eu não tinha uma mochila daquelas e eu convictamente respondi-lhe: "Vocês têm todos mochilas iguais, onde é que está a originalidade disso? Eu pelo menos sou diferente, tenho uma que mais ninguém tem", e assim saí daquela situação que podia ser embaraçosa pelo facto de não ter. Felizmente os meus pais educaram-me assim, ajudaram a formar o meu carácter e personalidade forte, sem me deixar influenciar facilmente e reagir de forma (mais ou menos bruta) a bocas mesquinhas e fúteis.
Numa sociedade onde o ter é tudo e o ser é totalmente esquecido, sentimo-nos a remar contra a maré, mas prefiro ser assim, a dar valor às pequenas coisas, e sobretudo às pessoas! Prefiro ser grata por aquilo que me dão, aceitar a "roupa da arca" (como dizia uma amiga) e dar o que sei que vai ser útil a outros. Prefiro educar o meu filho a valorizar o essencial, as férias no campo na casa dos avós, a ouvir e ver as ovelhas e as cabras, as galinhas, os cavalos na quinta de um vizinho da vila. Prefiro que ele se suje de terra, caia e esfole os joelhos no quintal dos avós do que fique em frente à televisão a jogar playstation e a absorver lixo. Prefiro ensiná-lo que há meninos que não têm nada e que trabalham muito, e dar-lhe com conta, peso e medida. Sei que não vai ser fácil, vai ser uma tarefa árdua, mas não quero criar um filho materialista que valorize mais o ter do que o ser. Deus nos ajude!

1 comentário:

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...
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