terça-feira, novembro 03, 2009

escravatura no século XXI

Proteger as crianças é uma tarefa que cabe a todos nós, começando, claro está, pelos pais. A comunidade deve proteger as suas crianças. Este é um tema que me é muito querido e é isto que ando a estudar há tanto tempo...
Hoje na reunião (semanal) da CPCJ foi apresentado um caso que me chocou, e a todas as técnicas... não que a maioria dos casos que ali apareçam não sejam chocantes, mas ainda acontecem coisas às crianças que nós ingenuamente pensávamos ser pouco prováveis em pleno século XXI.
Uma menina de 11 anos foi trazida de Angola, supostamente para estudar, e ao mesmo tempo para fazer companhia a uma senhora de 40 anos e à sua filha de 8. Aparentemente foi perfilhada por esta mulher (passou de senhora a mulher, e ainda vai piorar, já vão perceber porquê).
Na semana passada a menina deu entrada no hospital com múltiplas marcas físicas de agressões. Contou a história de que ia na rua e um grupo de rapazes a teria abordado para traficar droga e como ela não aceitou, eles tentaram violá-la e bateram-lhe. Entretanto a técnica de serviço social reparou numa marca no pescoço, que afinal era de uma ferro de engomar. A criança já não saiu do hospital e a situação foi sinalizada à CPCJ. As técnicas foram ao hospital falar com ela e perceberam o que se tinha passado.
A menina chegou em Março ainda ocm 10 anos, nunca foi à escola porque a mulher lhe dizia: "como tu te portas mal não vais à escola".
Dormia no chão, sem nada, mas quando via que o resto da família estava a dormir, puxava o tapete para não ter tanto frio. A mulher fechava-lhe a porta da casa-de-banho, ao ponto da menina uma vez ter feito xixi no elevador do prédio. Deixava comida a apodrecer e dava-lha depois... enfim, um rol de coisas que não têm classificação possível.
Até que ao fim destes 7 meses o senhorio começou a achar estranho a menina estar sempre a chorar e apanhou em flagrante a mulher a agredir a menina. Os vizinhos também estranhavam o facto da menina ir bater-lhes à porta a pedir comida.
Era tratada como um animal.
Como se não bastasse, esta besta (já passou de mulher a besta) obrigava a menina a fazer todas todas, mesmo todas, as tarefas de casa. Dizia-lhe: "lava esta louça toda e depois podes ir descansar" (a menina lavava até mais rapido porque queria ir descansar e quando acabava, dizia que ainda faltava mais isto ou aquilo).
Obrigava-a a passar a ferro montes de roupa e um dia disse-lhe: "amanhã quando acordar quero esta roupa toda passada". Como a menina não conseguiu passar tudo, de manhã foi acordá-la e queimou-a no pescoço.
Horrível, revoltante, não consigo encontrar palavras para classificar estas atrocidades a esta menina que quando saiu do seu país era para "ser feliz", conforme ela própria disse.
Desculpem contar tudo isto mas há coisas que precisam ser ditas. Não podemos ficar calados. É obrigação de todos nós denunciarmos situações de maus tratos (físicos ou psicológicos), trabalho infantil, abuso sexual, exposição a modelos de comportamento desviante (violência doméstica, alcoolismo, toxicodependência), à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens da área de residência da criança.
Protejamos as nossas crianças porque um país que não protege as suas crianças, não assegura o seu futuro.

Este vídeo diz tanto em tão poucas palavras
http://www.youtube.com/watch?v=GK0R3lT6tzs

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